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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O PORTEIRO DO PROSTÍBULO

Não havia no povoado pior ofício  do que porteiro do prostíbulo. Mas que outra coisa poderia fazer aquele homem? O  fato é que nunca tinha aprendido a ler nem escrever,  não tinha nenhuma outra atividade ou ofício.  
Certo dia entrou como gerente do prostíbulo  um jovem cheio de idéias,criativo e empreendedor, que decidiu modernizar o  estabelecimento.
 
Fez mudanças e chamou os funcionários para  as novas instruções.

Ao porteiro disse:

- A partir de hoje, o senhor, além  de ficar na portaria, vai preparar um relatório semanal onde registrará a  quantidade de pessoas que entram,

seus comentários e reclamações sobre os  serviços.

- Eu adoraria fazer isso, senhor - balbuciou o porteiro - mas eu  não sei ler nem escrever.

- Ah! Quanto eu sinto! Mas se é assim, já não  poderá seguir trabalhando aqui - responde o gerente.

- Mas senhor, não pode  me despedir, eu trabalhei nisto a minha vida inteira, não sei fazer outra  coisa.

- Olhe, eu compreendo, mas não posso fazer nada pelo senhor. Vamos  dar-lhe uma boa indenização e espero que encontre algo que fazer. Eu
sinto muito e que tenha sorte.  
Sem mais nem menos, deu meia volta e foi  embora.

O porteiro sentiu como se o mundo desmoronasse. Que fazer? Lembrou  que no prostíbulo, quando quebrava alguma cadeira ou mesa, ele a arrumava
com cuidado e carinho. Pensou que esta poderia ser  uma boa ocupação até conseguir um emprego. Mas só contava com alguns pregos  enferrujados e um alicate mal conservado. Usaria o  dinheiro da indenização para comprar uma caixa de ferramentas completa.  
Como o povoado não tinha casa de ferragens,  deveria viajar dois dias em uma mula para ir ao povoado mais próximo para  realizar a compra.

E assim o fez.
 
No seu regresso, um vizinho bateu à sua  porta:

- Venho para perguntar se você tem um martelo para me emprestar.

-  Sim, acabo de comprar um, mas eu preciso dele para trabalhar, já que...

-  Bom, mas eu o devolverei amanhã bem cedo.

- Se é assim, está bom.
 
Na manhã seguinte, como havia prometido, o  vizinho bateu à porta e disse:

- Olha, eu ainda preciso do martelo. Porque  você não o vende para mim?

- Não, eu preciso dele para trabalhar e além do  mais, a casa de ferragens mais próxima está a dois dias de viagem.

- Façamos  um trato - disse o vizinho. Eu pagarei os dias de viagem mais o preço do  martelo, já que você está sem trabalho no momento. Que lhe parece?
 
Realmente, isto lhe daria trabalho por mais  dois dias, aceitou.

Voltou a montar na sua mula e viajou. No seu regresso,  outro vizinho o esperava na porta de sua casa.

- Olá, vizinho. Você vendeu um  martelo a nosso amigo. Eu necessito de algumas ferramentas, estou disposto a  pagar-lhe seus dias de viagem, mais um pequeno lucro para que você as compre  para mim, pois não disponho de tempo para viajar para fazer compras. Que lhe  parece?

O ex-porteiro abriu sua caixa de ferramentas e seu vizinho escolheu  um alicate, uma chave de fenda, um martelo e uma talhadeira. Pagou e  foi-se

embora.
 
O ex-porteiro guardou as palavras que  escutara:

"Não disponho de tempo para viajar para fazer compras".

Se isto  fosse certo, muita gente poderia necessitar que ele viajasse para trazer as  ferramentas.

Na viagem seguinte, arriscou um pouco mais de dinheiro trazendo  mais ferramentas do que as que havia vendido. Poderia economizar algum tempo em  viagens.
 
A notícia começou a se espalhar pelo povoado  e muitos, querendo economizar a viajem, faziam encomendas. Agora, como vendedor  de ferramentas, ma vez por semana viajava e trazia o que precisavam seus  clientes.

Com o tempo, alugou um galpão para estocar as ferramentas e, alguns  meses depois, comprou uma vitrine e um balcão e transformou o galpão na primeira  loja de ferragens do povoado.
 
Todos estavam contentes e compravam dele. Já  não viajava mais, os fabricantes lhe enviavam seus pedidos. Ele era um bom  cliente. Com o tempo, as pessoas dos povoados vizinhos preferiam comprar na sua  loja de ferragens do que gastar dias em viagens.
 
Um dia ele lembrou de um amigo seu que era  torneiro e ferreiro e pensou que este poderia fabricar as cabeças dos martelos.  E logo, por que não,
as chaves de fendas, os alicates, as  talhadeiras, etc! E após foram os pregos e os  parafusos...  
Em poucos anos se transformou, com seu  trabalho, em um rico e próspero fabricante de ferramentas.

Um dia decidiu  doar uma escola ao povoado. Nela, além de ler e escrever,as crianças aprenderiam  algum ofício.

No dia da inauguração da escola, o prefeito lhe entregou as  chaves da cidade, o abraçou e lhe disse:

- É com grande orgulho e gratidão  que lhe pedimos que nos conceda a honra de colocar a sua assinatura na primeira  página do Livro de Atas
desta nova escola.
- A honra seria  minha - disse o homem. Seria a coisa que mais me daria prazer, assinar o Livro,  mas eu não sei ler nem escrever, sou analfabeto.

- O senhor? - disse o  prefeito sem acreditar. O senhor construiu um império industrial sem saber ler  nem escrever? Estou abismado. Eu pergunto:

O que teria sido do senhor se  soubesse ler e escrever?

- Isso eu posso responder - disse o homem com calma.  Se eu soubesse ler e escrever certamente ainda seria o porteiro do  prostíbulo.


Geralmente as mudanças são vistas como adversidades.

As  adversidades podem ser bênçãos.

As crises estão cheias de  oportunidades.

Se alguém lhe bloquear a porta, não gaste energia com o  confronto, procure as janelas.

Lembre-se da sabedoria da  água:


"A água nunca discute com seus  obstáculos, contorna-os".


"Às vezes, quando tudo dá errado  acontecem coisas tão maravilhosas, que jamais teriam acontecido se tudo tivesse  dado certo".  (
Giovane  Ambrósio)

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