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terça-feira, 13 de março de 2012

Líder evangélico causa polêmica ao dizer que uso da maconha deveria ser legalizado

Dos muitos papéis que Pat Robertson assumiu ao longo de sua carreira de cinco décadas como líder evangélico --incluindo o de candidato presidencial e de voz provocadora da direita--, seu novo disfarce talvez possa surpreender mais ainda seus seguidores: defensor da legalização da maconha.
“Eu de fato acredito que devemos tratar a maconha da forma como tratamos as bebidas alcoólicas”, disse Robertson em uma entrevista na última quarta-feira (7). “Eu nunca usei maconha e não tenho a intenção de usar, mas é uma daquelas coisas sobre a qual eu penso: esta guerra contra as drogas simplesmente não deu certo.”
A opinião de Robertson ecoa declarações feitas na semana anterior no “The 700 Club”, programa que é marca registrada de sua Christian Broadcasting Network, e outros comentários que ele fez em 2010. Embora essas primeiras declarações tenham sido em grande parte desconsideradas por seus seguidores, agora Robertson aparentemente abraçou totalmente a ideia de legalizar a maconha, argumentando que é uma forma de diminuir as taxas crescentes de encarceramento e reduzir os custos sociais e financeiros.
“Eu acredito em trabalhar com os corações das pessoas, não em prendê-las”, disse ele. As declarações de Robertson foram enfatizadas por grupos pró-legalização, que as consideraram um endosso potencialmente importante em seus esforços para reduzir as penalidades e proibições relativas à maconha, que os residentes de Colorado e Washington votarão neste outono.
“Eu o amo, cara, amo de verdade”, disse Neill Franklin, diretor-executivo da Law Enforcement Against Prohibition, um grupo de oficiais e ex-oficiais da lei que se opõem à guerra contra as drogas. “Ele está falando a minha língua.” Por sua vez, Robertson disse que apoia “totalmente” as medidas a serem votadas, embora não vá fazer campanha por elas.
Este comentário pode convidar ao debate, considerando a longa carreira de Robertson de expressar suas opiniões publicamente --e às vezes de forma a atrair duras críticas-- a favor dos valores conservadores da família. Na última semana, ele foi citado por afirmar que as vítimas de tornados no meio-oeste americano poderiam ter evitado seu destino rezando mais.
Mas defensores de reformas nas leis sobre drogas dizem que a nova paixão de Robertson pelo assunto pode ajudar a atrair eleitores conservadores e outros líderes religiosos para sua causa. “Pat Robertson ainda tem um público de milhões de pessoas, e elas respeitam o que ele tem a dizer”, disse Ethan Nadelmann, diretor-executivo da Drug Policy Alliance, que defende leis mais liberais para as drogas.
Robertson, 81, disse que não houve nenhum acontecimento ou momento em particular que fizesse com que ele abraçasse a legalização. Em vez disso, sua convicção de que o país “exagerou na ideia de ser duro com o crime” cresceu com o tempo, acrescentou. “Está totalmente fora de controle”, disse Robertson. “As prisões estão superlotadas de infratores juvenis por conta das drogas. E de acordo com as penalidades máximas, alguns pode pegar até dez anos por posse de um baseado. Isso não faz nenhum sentido.”
Esse discurso foi bem recebido por alguns outros líderes religiosos, especialmente aqueles de comunidades afro-americanas que há muito argumentam que os negros são alvos injustos nos casos de drogas. Iva E. Carruthers, secretária-geral da Samuel DeWitt Proctor Conference, o grupo de Chicago que representa centenas de clérigos e líderes laicos negros, disse que as declarações de Robertson sugerem que ele reconhece que “se você é um executivo de Hollywood com dinheiro, você é tratado de forma diferente do que se for um garoto pobre preso depois de descer de um transporte público.”
“Eu acho e espero que isso possa mudar a direção do grande eleitorado de evangélicos que ele representa”, acrescentou Carruthers.
Ela disse apoiar pessoalmente a legalização da maconha, da mesma forma que um número crescente de membros da conferência.
Mas ainda não está claro se o endossamento de Robertson terá um impacto duradouro, mesmo para ele. “Acho que eles concordariam se entendessem os fatos da forma como eu entendo”, disse ele sobre outros líderes evangélicos. “Mas é muito difícil.”
Ele atribuiu a maior parte do problema das prisões superlotadas a uma “mentalidade liberal de ter um governo que abarca tudo”. Enquanto isso, a maior parte dos grupos conservadores que costumam se alinhar com Robertson ficaram em silêncio quando solicitados a comentar sobre sua posição. Por exemplo, o ‘Focus on the Family’ – um grupo cristão cujo desdém pelo casamento de mesmo sexo e apoio aos valores da família estão alinhados com a visão de Robertson – recusou-se a responder e disse apenas que o grupo se opõe à legalização da maconha para uso médico ou recreativo.
Por sua vez, Robertson disse que “não estava encorajando as pessoas a usarem narcóticos de nenhum jeito, tipo ou forma.” Mas ele disse que via pouca diferença entre fumar maconha e beber álcool, um argumento antigo de líderes bem mais liberais – e de mente libertária.
“Se as pessoas podem entrar numa loja de bebidas e comprar uma garrafa de álcool e bebê-la em casa legalmente, então por que dizemos que o uso desta outra substância é, de certa forma, criminoso?”, disse ele.
Franklin, que é cristão, disse que a posição de Robertson está alinhada com os Evangelhos. “Se você segue o ensinamento de Cristo, você sabe que Cristo é um homem compassivo”, disse ele. “E ele não aceitaria a prisão de pessoas por ofensas não-violentas.” Robertson disse que toma uma taça de vinho de vez em quando: “Quando eu estava na faculdade, eu exagerava, mas isso foi antes de conhecer Cristo.” Ele acrescentou que acha que a maconha não aparece na Bíblia, embora tenha observado que “Jesus transformou a água em vinho”. “Não acho que ele era abstêmio”, disse ele.
E embora Robertson tenha dito que suas primeiras opiniões pela legalização fizeram com que ele fosse “atacado por aqueles que achavam terrível o fato de ele ter abandonado o certo e estreito”, acrescentou que não estava preocupado com as críticas desta vez.
“Eu só quero estar do lado certo”, disse ele. De UOL Notícias

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