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domingo, 22 de abril de 2012

Verba indenizatória é gasta em posto de gasolina ligado a Cachoeira

Um posto de gasolina, em Goiânia, que financiou a campanha do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), depois de receber indiretamente recursos da Delta Construções via empresas de fachada, também foi usado pelo senador e por dois deputados para justificar altos gastos com combustíveis.
O Posto T-10 foi acusado pela Polícia Federal de receber recursos das empresas de fachada Brava Construções e Alberto & Pantoja, ligadas a Carlinhos Cachoeira. As duas, por sua vez, receberam repasses da Delta Construções. O estabelecimento fez doações para campanhas eleitorais ao mesmo tempo em que forneceu a parlamentares notas fiscais para reembolso do Congresso, a título de verba indenizatória, que totalizam R$ 381,5 mil. O valor é referente a pagamentos dos últimos três anos.
Do total, R$ 133 mil foram apresentados pelo senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Os gastos do senador goiano tornaram o posto um dos 20 maiores prestadores de serviço do Senado Federal desde abril de 2009, mês em que começou a ser divulgado o inteiro teor das notas fiscais entregues pelos senadores.
Nas eleições de 2010, Demóstenes recebeu doação de R$ 32,6 mil do posto, dinheiro que teria como origem a Construtora Delta, no entendimento da Polícia Federal. As relações de Demóstenes com o posto vão além da doação e dos gastos com a verba indenizatória. Em 2010, o senador também apresentou notas fiscais do posto para prestar contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de R$ 165,3 mil que teriam sido gastos na sua campanha.
Na Câmara dos Deputados, dois parlamentares apresentaram as maiores notas com grandes valores do posto desde 2009, ano em que a Câmara também começou a detalhar em seu portal a destinação da verba extra para o exercício do cargo: Jovair Arantes (PTB-GO) apresentou notas do Posto T-10 que totalizam R$ 140,4 mil e Sandro Mabel (PMDB-GO) apresentou notas que somam R$ 103,8 mil.
Outros cinco deputados federais também informaram à Câmara ter gastado no posto no período, um total de apenas R$ 4,2 mil.

Se considerada a distância média percorrida por um veículo com um tanque de gasolina (cerca de 400 quilômetros), o dinheiro gasto pelos três parlamentares no Posto T-10 nos últimos três anos daria para cada um deles percorrer todos os meses pelo menos 2,5 vezes o trajeto do Oiapoque (AP) ao Chuí (RS), pontos extremos do Brasil.
A verba indenizatória é prevista por lei e permite que cada senador ou deputado federal receba de volta até R$ 180 mil por ano em gastos com gasolina, alimentação, aluguel de imóvel ou veículo, hospedagem, consultoria e comunicação.
— Não vejo qualquer problema nos pagamentos feitos ao posto, era onde os abastecimentos eram realizados — justificou o advogado de Demóstenes Torres, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.
O advogado informou que não comentaria as relações, denunciadas pela Polícia Federal, entre a Construtora Delta, empresas de fachada de Carlos Cachoeira, o posto e Demóstenes, por entender que se trata de informação vazada de inquérito sigiloso.
— Não podemos falar sobre algo que consideramos inconstitucional — disse Kakay.
Perguntado sobre os valores e as circunstâncias em que ocorreram as suas despesas no posto, o deputado Sandro Mabel (PMDB-GO) alegou que as notas se referem a gastos efetuados por assessores do seu mandato em Goiânia. O parlamentar informou que eles abastecem há muitos anos ali e que nunca colocou gasolina em seu carro no local.
— Não tem nada suspeito nos nossos abastecimentos, o posto está localizado a poucas quadras do meu escritório político. Há uns oito anos o dono apareceu lá e pediu para a gente abastecer no posto dele. Não tem nada errado nisso — disse o deputado.
A assessoria do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) informou que não era possível localizá-lo na sexta-feira passada para comentar os gastos no posto citado porque ele estaria em viagem pelo interior de Goiás.
Um dos sócios do Posto T-10, José Eustáquio Barbosa, negou haver irregularidade envolvendo o abastecimento de veículos dos parlamentares.
— Não há nada ilegal, irregular. Não transferi dinheiro para ninguém. Eu vendo gasolina. Nunca vi o Carlinhos Cachoeira — disse Barbosa.
Ele, no entanto, admitiu ser amigo pessoal de Demóstenes desde a década de 1980 e ter feito doação para a sua campanha, em 2010.
— Os parlamentares abastecem aqui porque o posto tem uma localização estratégica. E mais: a minha doação ao Demóstenes foi informada à Justiça Eleitoral — afirmou. De http://oglobo.globo.com/

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