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domingo, 23 de setembro de 2012

Pesquisadora da Unicamp diz que as escolas do país não ouvem o aluno

Camila Maciel Da Agência Brasil, em São Paulo
A parceria assinada ontem (20) entre o MEC (Ministério da Educação) e o Conselho Federal de Psicologia para enfrentar a violência escolar tem como uma das virtudes a decisão de ouvir os alunos para a construção dessa política pública. O entendimento é da psicóloga Angela Soligo, professora doutora da Faculdade de Educação da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que pesquisa processos de exclusão na escola. “Há uma série de conhecimentos que a academia já produziu que não dialogam com as políticas públicas. A pesquisa vai permitir ouvir alunos do país inteiro. Quem faz a política precisa ouvir quem está na outra ponta. A gente ouve pouco o aluno”, declarou a pesquisadora, após participar na manhã de hoje (21) do painel Psicologia e a Questão da Violência nas Escolas, da 2ª Mostra Nacional de Práticas de Psicologia, que ocorre até amanhã (22) no Anhembi, em São Paulo.
A parceria entre ministério e o conselho prevê um estudo sobre violência nas escolas, elaboração de materiais didáticos e formação de professores para o combate à violência no ambiente escolar. No projeto, o MEC pretende abordar temas como enfrentamento às drogas, gravidez precoce, homofobia, racismo, discriminação, bullying e bullying eletrônico (feito por meio das redes sociais). A professora acredita que, para mudar a realidade nas escolas, é preciso construir relações que não reproduzam a lógica excludente e violenta da sociedade em geral. “O ambiente escolar hoje é mais um reprodutor do modelo social do que um instrumento de mudança. A escola tem essa obrigação de produzir outras formas de pensar o mundo, de problematizar. A escola sozinha não vai resolver nada, mas tem um papel, que é a formação do cidadão”, aponta. Para a pesquisadora, as práticas violentas nas escolas ganharam destaque junto com o processo de inclusão. “Todo mundo está na escola e a escola não pode mais excluir aqueles alunos que a incomodam. Há 50 anos, isso era mais fácil. A escola tem que lidar hoje com o aluno que ela não deseja. É a esse estudante que a escola vai imputar as marcas da violência. E isso gera uma reação”, relata. 

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