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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

VASCO> Juninho abre o jogo sobre saída: 'O ambiente é sujo e não posso ser escudo'

Juninho - Vasco (Foto: Bruno de Lima)Defender o Red Bulls, dos EUA, não foi apenas uma decisão familiar. Obviamente, como Juninho faz questão de deixar claro, o ambiente que o Vasco vive atualmente influenciou, e muito, na escolha de não renovar seu vínculo com o clube. Em sua primeira entrevista após ter definido seu futuro profissional, o Reizinho revelou detalhes que tanto o incomodavam no dia a dia da Colina e garantiu que, se a situação fosse diferente, sequer teria ouvido outras propostas.

- Se o clube fosse organizado, meu contrato já teria sido renovado há muito tempo. Não teria que ouvir outras propostas. E não quero correr o risco de manchar tudo o que já fiz pelo Vasco. Há muita coisa errada. O ambiente no dia a dia é duro, é sujo e não posso ser escudo para isso tudo. Tenho somente que jogar futebol, é desta forma que eu poderia ajudar. E, dentro do campo, eu me garanto. Nada mais do que isso. A situação que o Vasco vive é propícia para oportunistas, como ex-dirigentes, conselheiros e até jornalistas. É coisa de euriquista, imagino que seja - desabafou Juninho, por telefone, ao LANCE!Net.

Quanto a algumas críticas sobre sua saída, em um dos momentos mais complicados do clube, o Rei foi enfático:

- Acho uma grande sacanagem, uma covardia, que se analise desta forma. Eu sou profissional, tenho que jogar futebol. Retornei para pagar uma dívida que tinha e renovei três vezes meu contrato, mesmo com a situação difícil. Eu tinha o direito de, após um ano e meio de muita dedicação, optar por algo que fosse melhor para a minha carreira. Acho que falar que abandonei o clube, ou algo assim, é uma grande sacanagem. Mas respeito opiniões. Dentro de campo, fiz de tudo pelo Vasco.


Juninho destacou ainda que acredita em uma volta por cima do Vasco, com as contratações de René Simões, Ricardo Gomes e Cristiano Koehler, mas que as transformações positivas vão acontecer a longo prazo. Algo que, para ele, não seria viável, pois pensa em terminar a carreira no fim de 2013.

- Acredito que as coisas vão mudar. O primeiro acerto para que as coisas melhorem foi a contratação desses profissionais. Mas isso será a longo prazo, não vai ser da noite para o dia. E eu não tenho tempo, em breve vou terminar a carreira e não teria mais como ajudar. Não tenho mais 23, 24 anos. O clube continua, mas o jogador passa. É assim que é. O René e o Cristiano estão vendo isso e vão tentar mudar.

Veja a entrevista com Juninho na íntegra:

O que pesou em sua escolha? 

Para responder isso preciso é voltar na minha reapresentação no clube. Eu falava que não estava voltando por voltar. Não estava voltando por não ter mais clube lá fora. Eu tinha uma proposta excelente para continuar no Qatar, de mais dois anos. Quando aceitei voltar para o Vasco meu presidente lá falou que era a opção errada. Mas voltei, com contrato de seis meses e ganhando salário mínimo com premiações, mesmo com o Vasco oferecendo um contrato de R$ 500 mil. Apesar de certo receio, saiu tudo bem e, depois de seis meses, renovei. E também não tinha noção que a situação do clube seria tão difícil como é. Depois de um ano e meio, me dei ao direito de analisar outra situação profissional, pois sou jogador, não tenho que fazer outra coisa. Fiz o que podia fazer durante esse tempo. E vale lembrar que não teve quebra de contrato.

O Vasco ofereceu R$ 500 mil para você retornar? 

A diretoria estava há três anos atrás de mim. O que eu pedisse naquele momento, se fosse para ser o salário mais alto do futebol carioca, o clube tentaria conseguir. Mas não voltei pela parte financeira, assim como não estou saindo agora pela parte financeira. Eu tinha uma dívida com a torcida.

Mas foi apenas uma decisão familiar, por sua filha estudar nos EUA?

Foi familiar também. Mas para todo lugar que fui jogar, minha família me acompanhou. Agora, coincidentemente, minha filha mais velha estuda lá nos EUA e isso também influenciou. Mas quando recebi a proposta do Red Bulls, conversei com o Roberto e com o Olavo. Eles me explicaram que estavam tentando um patrocinador para pagar meu contrato e estavam tentando acertar as dívidas do clube. 

E quanto a situação financeira do clube influenciou?

A proposta do Red Bulls está longe de ser das mais favoráveis. A melhor seria do Atlético. O que me ofereceram foi realmente tentador, além da possibilidade de conquistas, com um grande time. O Kalil e o Cuca conversaram comigo. Mas por tudo o que tenho com o Vasco, seria complicado sair para outro clube do Brasil. Fiquei agradecido com a confiança deles. O Kalil até disse que não teria problema algum, mas falei que, se não ficasse no Vasco, iria para os EUA. O problema do Vasco é financeiro, mas também tem um ambiente ruim que atrapalha no dia a dia. Eu passei por coisas que jamais tinha passado na carreira nesse meu retorno, como ter que me reunir com uma torcida organizada. 

Qual é a parcela de culpa do Roberto Dinamite?

Ele tem a sua parcela, mas tem muita coisa que é de antes da gestão dele. Não tem a parcela maior de culpa. O clube fez parcerias que foram prejudiciais e perdeu jogadores como Allan, Diego Souza... Talvez fosse preciso na ocasião fazer essas parcerias, mas o clube tinha que estar mais forte. Acho também que, após a Copa do Brasil, houve um relaxamento. Mas o Vasco tem que lutar sempre. Se sabia que a situação poderia ficar assim, tinha que já ter subido garotos da base há mais tempo, diminuir o elenco.

Surgiram boatos também de que você já teria voltado dos EUA acertado com o Red Bulls.

Acertado, não. Quando voltei ao Brasil, queria pensar. Mas fui analisando, muita coisa aconteceu depois, jogadores saindo, colocando o clube na Justiça, nenhum jogador renovando contrato... Eu assinei o contrato mesmo só na segunda-feira, pela internet. Quando voltei, estava conversando com o Vasco e com o Red Bulls. O Vasco sempre soube disso. Mas não tinha condições de seguir no clube e, quando defini, avisei que aceitaria a proposta do Red Bulls. Fiz uma foto lá e eles disseram que, somente se acertássemos, colocariam no site. Fiz isso na confiança. Não estava nada acertado até então. E foi feita uma proposta de dois anos, mas preferi apenas um ano de contrato.

Você então vai encerrar a carreira no fim de 2013? E, depois, fará alguma especialização por lá?

Penso nisso, sim. Mas o primeiro desafio é jogar bem. E jogar ao lado de um Henry também pesou. Jogar com o Henry, na minha opinião, é como jogar ao lado do Ronaldo. Isso também foi tentador, jogar no clube que o Henry joga. Depois desse um ano vou pensar em fazer outras funções, me especializar.

Sobre esses jogadores que colocaram o Vasco na Justiça, qual é a sua opinião?

É difícil entrar nesse mérito. E por coincidência, foram dois jogadores que aceitaram jogar no Vasco numa Série B e ajudaram muito. São dois jogadores que eu contava muito, que eram realmente determinados a ajudar. Eles realmente respeitaram a camisa do Vasco. Mas cada um teve seus motivos, não acho certo opinar.

Você se preocupa com a reação da torcida do Vasco?

Um defeito que não tenho é esse: vaidade. Tenho a consciência tranquila. Nunca tive dois discursos, sempre tive um discurso só. Se fosse um ambiente limpo, poderia ficar. Mas o ambiente é sujo, informação é vazada. Tem torcedor, que é influenciado, que tenta denegrir a imagem. Sei que o verdadeiro vascaíno entende porque gosta de mim. Não tem interesses, está na arquibancada, pagaingresso, apenas por gostar do Vasco. Desse torcedor tenho pena, pela situação atual do clube, e respeito muito. As pessoas ficam incomodadas com as minhas atitudes.

Há algum arrependimento de ter voltado para o Vasco e, de alguma forma, o que você sentia pelo clube ficou abalado?

Não muda em nada. Nada a ver. Não me arrependo, curti, fiz mais do que imaginava, joguei para outra geração, filhos de quem já me viu jogar. Joguei, não enganei. Bati recorde de gols, fui vice brasileiro, fomos eliminados na Libertadores para o campeão. Voltei a São Januário. Não me arrependi em nada.

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