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sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Nós e a Venezuela


A posição do Brasil sobre a posse de Chavez na Venezuela foi tomada após uma viagem de Marco Aurélio Garcia a Cuba.
Sem hesitar, Garcia se uniu aos chavistas e cubanos na decisão de desrespeitar o dia da posse, 10 de janeiro.
Os bolivarianos consideram a posse apenas uma formalidade. E Garcia, por sua vez, admite a ausência temporária do presidente eleito, mesmo antes de tomar posse.
A regra é clara, como diz o comentarista de televisão Arnaldo Cesar Coelho. O presidente eleito precisa tomar posse dia 10.
Duas coisas chamam a atenção. Não está bem explicada ainda a importância de adiar a posse, pois ao que tudo indica Chavez não voltará ao governo.
Cabello presidiria, haveria eleições e, possivelmente, Nicolás Maduro venceria. Deve haver contradições internas ao próprio chavismo, empurrando a posse para adiante, apesar da lei. Maduro não confia em Cabello que não confia em Maduro.
Por outro lado, chamam também a atenção a pressa e solidão com que Marco Aurélio Garcia define a posição brasileira. Parece que ela a concebeu em Cuba e parece também que nessas questões Havana é a capital do continente.
Os jornais venezuelanos estampam hoje a interpretação brasileira e parece que foi o único país , até agora,que realmente tomou posição sobre a posse de Chavez.
Não existem consultas. Não existem mais audiências no parlamento. A política externa oscila de acordo com a tendência ideologica do PT: no Paraguai houve golpe; na Venezuela é só uma prorrogação perfeitamente legal da posse de Chavez.
É o caminho da perda da credibilidade. Maquia-se tudo, do orçamento à constituição venezuelana.
Na semana passada, Dilma dizia que era ridículo falar em racionamento de energia. Agora, convoca uma reunião de emergência para tratar do tema e evitar o pior.
O desprezo pela coerência é muito comum em governos autoritários. Ou então em governo que consideram o apoio dos mais pobres um passaporte para qualquer política.
Somos populares, logo somos onipotentes-parecem pensar os petistas. E além do mais, quem se preocupa com política externa, além da midia golpista e elite reacionária?
*Fernando Gabeira

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