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quinta-feira, 11 de abril de 2013

MAIS UM QUE PARTIU


Por Humberto Pinho da Silva
Ao entardecer do dia cinco de Abril, fui surpreendido, ao abrir o correio electrónico, com mensagem que me deixou confuso. Comunicava, o e-mail, que falecera o pai de amigo de infância.

Só mais tarde, reflectindo, e atentando nos nomes, de quem me enviara, é que cai em mim, verificando que quem falecera, não era o pai, mas meu querido amigo, e intimo confidente, dos bons tempos de adolescente.

Nunca acreditei que amigos de infância pudessem morrer, muito menos aqueles com quem troco assídua correspondência virtual. Por isso a minha confusão.

O Manel, o “M” à quinta, como ele próprio dizia, porque os nomes iniciavam-se pela letra “M”, foi meu condiscípulo na Escola Académica, e companheiro imprescindível nas investigações às velharias do burgo portuense.

Com ele fiz incursões pelas velhas ruas tripeiras; entrei em museus; percorri estreitas e pitorescas vielas, carregadas de história e tradições.

Éramos inseparáveis. Tivemos longas e interessantes conversas. Narramos “ segredos” e curiosidades desconhecidas. Eu falava dos: Rapazotes, Borges Guedes, Pestanas, Gouveias Magalhães Bastos e de Carlos e Mário Cal Brandão. Ele, de Bento Amorim, da Casa Oliveira, Pinheiros Torres, Sousa Guedes, Alpendoradas, Campos Belos, e de Condes e Condessas e famílias nobres da velha cidade do Porto.

A vida militar separou-nos. Durante anos pouco soube dele. Reatei mais tarde a amizade perdida, para nunca mais a perder, graças à Internet.

Fui um jovem triste e solitário. Meus amigos contavam-se pelos dedos. Além do Manel, todos eram meros conhecidos, e evaporaram-se com o tempo.

De meninas, havia a Lalita. Hoje viúva. Dizem-me ser muito senhoril e elegante. A Mary, que vive em Granada, e seguiu a carreira de hospedeira de bordo. A Teresa, muito mais nova; não era propriamente amiga, mas quase irmã; e outra, que conheci de menininha, e que se afeiçoou a mim e eu a ela. Casou, e não mais se lembrou deste velho amigo. Essa indiferença, dói; mas doer-me-ia muito mais, se apenas por interesse, aproximasse de mim.

Mas voltemos ao Manuel e aos culturais passeios que fazíamos. Deles escrevi, numa publicação da Porto Editora, ligeira referência.

Já que abordo amigos desaparecidos, que terminaram a peregrinação, e com quem trocava correspondência electrónica, devo destacar: Tereza de Mello, minha carinhosa amiga, confrade no Blogue luso-brasileiro “PAZ”, assim como Aluizo da Mata, de Sete Lagoas, e o Prof. Doutor João Alves das Neves, de São Paulo, que igualmente colaborou na “PAZ”; e tantos, que ao longo da minha existência deixaram saudades imensas.

Para concluir, quero lembrar que foi o falecimento de Manuel Magalhães (Alpendorada), o único, que sendo da mesma idade, e de ideias e gostos semelhantes, cravou no coração profunda mágoa e indescritível desgosto.
Ia, neste triste recordar, esquecer-me de amoroso rapazinho, que falecera na flor da idade, o Manuel R.F. Conservo sua foto, no Picasa, Contrai-me sempre o coração, quando penso nele.

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