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domingo, 18 de fevereiro de 2018

USP descobre moléculas que podem tratar febre amarela

Por: Só Notícia Boa
Os pesquisadores Rafaela Boneto, Lúcio Freitas-Júnior e Denise Pilger no Instituto de Ciências Biomédicas da USP Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP identificaram moléculas com potencial para tratar a febre amarela.

Os testes foram realizados em culturas de células humanas de fígado infectadas pelo vírus causador da doença.

O artigo “Drug repurposing for yellow fever using high content screening” descreve a pesquisa e foi publicado na repositório Biorxiv, que armazena artigos antes de sairem em revistas especializadas.

Das moléculas mais promissoras, duas delas também tiveram eficácia contra o vírus da dengue.

A pesquisa foi realizada a partir da estratégia High Content Screening (Triagem de Alto Conteúdo).

Segundo Lúcio Freitas-Junior, este é o primeiro trabalho voltado para febre amarela que utiliza esta tecnologia.

A estratégia é conhecida como “reposicionamento de fármacos” e pode encurtar em vários anos a chegada de medicamentos do laboratório até as farmácias.

Os testes
Os pesquisadores infectaram células humanas de fígado com o vírus da febre amarela.

Eles testaram cada um dos 1.280 compostos para verificar quais matavam o agente causador da doença sem danificar as células.

Após os testes, eles conseguiram identificar as moléculas com potencial terapêutico para combater o vírus.

Dos 1.280 compostos, 88 deles (6,9%) reduziram a infecção em 50% ou mais.

Economia na fabricação de Medicamento

O estudo traz resultados inéditos ao localizar compostos que podem ser utilizados em vários casos, incluindo febre amarela.

A partir daí abre-se a possibilidade da criação de fármacos para o tratamento dessa doença que hoje representa um problema de saúde pública brasileira e alarma a comunidade internacional.

E o melhor é que a pesquisa já foi testada o que economiza tempo e dinheiro.

“A partir da estratégia de reposicionamento de fármacos, quando você começa a partir de algo que já foi testado e que já existe uma indicação boa, você está encurtando esse tempo para 2 a 4 anos, a um custo reduzido”, afirma o cientista.

“Essa pesquisa pode representar uma economia brutal de tempo e recursos na descoberta de um tratamento para a febre amarela”, destaca Freitas-Júnior.

O trabalho foi desenvolvido pelos pesquisadores do ICB Carolina B. Moraes e Denise Pilger; professor Paolo Zanotto, do Departamento de Microbiologia; Sabrina Queiroz e Laura Gil, da Fiocruz; além de Freitas-Júnior.

De acordo com Freitas-Júnior, a ideia é desenvolver uma alternativa para a vacina da febre amarela.

“É muito relevante que a pesquisa tenha sido feita no Brasil e 100% na USP”, destaca.

“Agora, o próximo passo é reunir outros cientistas em um consórcio de diferentes grupos de pesquisa para trabalhar com os dados obtidos, que são inéditos. Temos excelentes moléculas e trabalhando dessa forma diferenciada vamos conseguir agregar valor ao que fazemos. O foco é o produto final, fazer algo que, de fato, seja diferenciado para o paciente”, explica.

Próxima fase
O próximo passo é modificar as moléculas para aumentar a potência contra o vírus e diminuir os efeitos tóxicos sobre as células.

Segundo Freitas-Júnior, caso alguma das moléculas que se mostraram promissoras para tratar a febre amarela necessite ser modificada, os cientistas estarão agregando valor a elas e, com isso, poderão surgir algumas patentes.

Além do ensaio de febre amarela, o grupo de pesquisa também desenvolveu ensaios de triagem para os micro-organismos causadores de zika, dengue, chikungunya, leishmania e Chagas, entre outros.

O professor Paolo Zanotto reforça a importância do trabalho, que proporcionou uma grande quantidade de moléculas já utilizadas para outros propósitos terapêuticos e, portanto, já testadas e aprovadas em humanos por demorados e rigorosos ensaios clínicos.

“O estudo conduzido por Freitas-Júnior permitiu encontrar compostos com atividade antiviral para febre amarela e este sucesso implica a possibilidade de termos, pela primeira vez, a capacidade de interferir no processo infeccioso e salvar vidas”, afirma o virologista.  Com informações do Jornal da USP

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